O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, estuda antecipar sua saída da Corte logo após o fim de seu mandato na presidência, previsto para setembro. Aos 67 anos, Barroso estaria desmotivado com o ambiente de tensão institucional e a crescente polarização nos julgamentos do Supremo.

A eventual saída abriria caminho para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indique mais um nome para o STF, totalizando três indicações apenas neste mandato — ele já escolheu Cristiano Zanin e Flávio Dino.

Desgaste interno e mudança de turma

Barroso, um dos nomes mais respeitados da atual composição do STF, tem demonstrado incômodo com o rumo das decisões recentes da Corte, especialmente com o protagonismo assumido pelo ministro Alexandre de Moraes, relator dos processos que envolvem a tentativa de golpe de Estado e outros temas sensíveis do período bolsonarista.

Com o fim de seu mandato como presidente, Barroso passaria a integrar a Segunda Turma, ao lado de Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Nunes Marques e André Mendonça — composição que não é considerada favorável a ele, tanto por posicionamento jurídico quanto por relações pessoais mais distantes.

Além disso, Barroso mantém vínculos com os Estados Unidos, onde possui imóvel em Miami e relações acadêmicas com Harvard. Há rumores de que seu visto americano teria sido revogado, o que aumentaria ainda mais o clima de incerteza sobre seu futuro.

Lula já analisa quatro nomes para possível nova indicação

Diante da possibilidade de uma nova vaga no STF, o presidente Lula já teria em mente quatro possíveis candidatos, todos com perfis jurídicos consolidados e boa interlocução política. São eles:

• Bruno Dantas – Presidente do Tribunal de Contas da União (TCU);

• Jorge Messias – Ministro da Advocacia-Geral da União (AGU);

• Rodrigo Pacheco – Presidente do Senado, filiado ao PSD de Minas Gerais;

• Vinícius Marques de Carvalho – Ministro da Controladoria-Geral da União (CGU).

A escolha, segundo fontes do Planalto, deverá considerar critérios como perfil técnico, equilíbrio institucional e fidelidade à agenda do governo federal.

Descontentamento silencioso no Supremo

Embora o Supremo não fale oficialmente sobre o tema, ao menos cinco ministros da Corte estariam incomodados com os rumos recentes tomados por Alexandre de Moraes. A prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, decretada antes mesmo da conclusão do julgamento no TSE, teria causado desconforto entre os magistrados, que consideraram o gesto “precipitado”.

Outro fator de inquietação é a possibilidade de aplicação da Lei Magnitsky, legislação dos EUA que impõe sanções a autoridades envolvidas em abusos de poder. Ministros temem restrições graves a suas vidas pessoais e profissionais caso venham a ser atingidos pela norma internacional.

Possível aposentadoria abriria nova fase na Corte

A eventual saída de Barroso — que poderia continuar no STF até 2033, quando atinge a aposentadoria compulsória — anteciparia mudanças profundas na composição e no perfil ideológico da Corte. Com três indicações em menos de dois anos, Lula poderá consolidar uma maioria mais alinhada com sua visão institucional e reforçar a estabilidade jurídica do seu governo.