Internacional

De bombardeios à prisão de Maduro: o que pode acontecer numa eventual ação militar dos EUA na Venezuela?

Especialistas veem risco de ataque iminente, mas não de intervenção terrestre nem de uso de bombardeiros. Ataques podem se concentrar em estruturas do narcotráfico.A crescente lista de ações militares dos Estados Unidos contra a Venezuela no Caribe multiplica as especulações sobre um ataque iminente ao país sul-americano. Enquanto uma intervenção terrestre não parece factível, especialistas enxergam outras possibilidades, desde ataques a alvos do narcotráfico até uma operação para retirar do território nacional o presidente Nicolás Maduro.

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O chefe da Casa Branca, Donald Trump, diz estar certo de que as autoridades em Caracas sentem a pressão imposta pela ofensiva, deflagrada pelos americanos sob a justificativa de uma guerra ao narcotráfico.

O desdobramento mais recente foi a chegada no domingo (26) de um navio de guerra dos EUA a Trinidad e Tobago, pequeno arquipélago próximo à Venezuela.

Já haviam sido deslocados ao Caribe o navio lançador de mísseis USS Gravely e o grupo de ataque USS Gerald Ford, que inclui o maior porta-aviões nuclear do mundo.

Autoridades de Trinidad e Tobago afirmaram que realizariam exercícios militares conjuntos com as forças americanas, e o sobrevoo de aviões bombardeiros perto da costa venezuelana chegou a ser reportado pela imprensa americana – mas, depois, negado pelo presidente americano.

Trump ainda disse na semana passada ter autorizado operações secretas da Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) na Venezuela. O Pentágono anunciou na sexta-feira (24) ter afundado a décima embarcação supostamente usada pelo narcotráfico. Para analistas, os ataques a barcos são ilegais.

Testes para forças armadas
Porta-aviões USS Gerald Ford, navio principal do grupo de ataque USS Gerald Ford da Marinha dos Estados Unidos. — Foto: Alyssa Joy/Marinha dos Estados Unidos
Porta-aviões USS Gerald Ford, navio principal do grupo de ataque USS Gerald Ford da Marinha dos Estados Unidos. — Foto: Alyssa Joy/Marinha dos Estados Unidos

À DW, uma especialista sob condição de anonimato chamou as ações militares dos EUA de “completamente desproporcionais” se o objetivo é atacar lanchas que transportam drogas na região. Funcionam, na verdade, como uma demonstração de força e um sinal de alerta.

Há cada vez mais sinais de um ataque iminente contra a Venezuela, ela argumenta, citando recentes incursões aéreas frente às águas venezuelanas que colocavam à prova a capacidade de resposta das Forças Armadas venezuelanas.

O apoio das forças militares venezuelanas é parte central do aparato que permite a Maduro permanecer no poder. Uma operação terrestre ou o uso de bombardeiros B-1, entretanto, são descartados por especialistas, por causa do alto custo e desgaste que imporiam aos EUA.

“Eles começariam com algum ataque seletivo com um míssil de um navio ou do ar”, disse uma fonte militar espanhola. “A CIA busca inteligência, o que fazer e o que não fazer, para promover a rebelião interna [das forças militares], que é como essa agência funciona.”
O coronel aposentado do Exército dos EUA Manuel Supervielle, entretanto, ressalta que bombardeiros B-1 também podem ser usados de longas distâncias.

“A vantagem dos EUA em um confronto com a Venezuela é que eles têm tecnologia militar muito superior e podem atingir alvos fora do alcance venezuelano. O que o governo americano certamente não quer são baixas entre as tropas americanas”, diz.

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Narcotráfico na mira
Membros do Night Stalkers fazem treinamento na Flórida em janeiro de 2024 — Foto: U.S. Air Force
Membros do Night Stalkers fazem treinamento na Flórida em janeiro de 2024 — Foto: U.S. Air Force

Para Sebastiana Barráez, jornalista venezuelana especializada no tema militar, o alvo de um hipotético ataque dos EUA poderiam ser “laboratórios” ou “acampamentos guerrilheiros” vinculados ao narcotráfico.

Uma ação deste tipo, segundo ela, seria mais fácil de justificar internacionalmente do que outro tipo de intervenção militar.

Ela enxerga ainda a possibilidade de uma operação de extração de autoridades venezuelanas de alto nível, incluindo Maduro, sob o argumento de que elas estão à frente do narcotráfico venezuelano.

Em julho, os EUA acusaram o presidente venezuelano de comandar o chamado Cartel de los Soles, então classificado por Trump como organização terrorista internacional. O governo americano já ofereceu recompensas financeiras por Maduro e outras autoridades.

Por sua vez, Supervielle menciona a possibilidade de “eliminação seletiva” por meio de “ataques para assassinar determinadas pessoas e criar instabilidade na cúpula do regime que permita ou dê a oportunidade a outros grupos dentro das próprias Forças Armadas da Venezuela de tomar o poder e transferi-lo ao governo legítimo”.

Os EUA e o Parlamento Europeu reconhecem o líder da oposição venezuelana, Edmundo González Urrutia, como presidente legítimo e democraticamente eleito em 2024.

Opositores do chavismo afirmam que os resultados das eleições foram fraudados para privilegiar Maduro, acusado de usurpar o poder.

Xadrez geopolítico
María Corina Machado, líder da oposição na Venezuela, e presidente Nicolás Maduro. — Foto: Leonardo Fernandez Viloria/Reuters
María Corina Machado, líder da oposição na Venezuela, e presidente Nicolás Maduro. — Foto: Leonardo Fernandez Viloria/Reuters

Já a opositora María Corina Machado, reconhecida como líder das forças armadas da Venezuela e ganhadora do Nobel da Paz deste ano, disse nesta semana que “o regime está mais fraco do que nunca.”

Maduro, por sua vez, afirma que a Venezuela mantém “nervos de aço” diante da pressão americana.

“Somos ameaçados com palavras diariamente pelo império estadunidense, diariamente uma guerra psicológica”, disse num pronunciamento televisionado.
Segundo o presidente, a Venezuela conta com mais de cinco mil mísseis antiaéreos de fabricação russa. “Graças ao presidente [Vladimir] Putin, graças à Rússia, graças à China e graças a muitos amigos no mundo, a Venezuela tem um equipamento para garantir a paz”, afirmou.

Para os especialistas ouvidos pela DW, a crescente influência regional da China é outro fator-chave na equação das tensões entre EUA e Venezuela. O país asiático não se manifestou vocalmente nem a favor de Maduro nem contra Trump.

Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se encontrou com Trump durante cúpula na Malásia, se ofereceu como interlocutor entre Washington e Caracas.

“Nós queremos manter a América do Sul como zona de paz. Nós não queremos trazer os conflitos de outras regiões para o nosso continente”, sustentou.

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A crescente lista de ações militares dos Estados Unidos contra a Venezuela no Caribe multiplica as especulações sobre um ataque iminente ao país sul-americano. Enquanto uma intervenção terrestre não parece factível, especialistas enxergam outras possibilidades, desde ataques a alvos do narcotráfico até uma operação para retirar do território nacional o presidente Nicolás Maduro.

O chefe da Casa Branca, Donald Trump, diz estar certo de que as autoridades em Caracas sentem a pressão imposta pela ofensiva, deflagrada pelos americanos sob a justificativa de uma guerra ao narcotráfico.

O desdobramento mais recente foi a chegada no domingo (26) de um navio de guerra dos EUA a Trinidad e Tobago, pequeno arquipélago próximo à Venezuela.

Já haviam sido deslocados ao Caribe o navio lançador de mísseis USS Gravely e o grupo de ataque USS Gerald Ford, que inclui o maior porta-aviões nuclear do mundo.

Autoridades de Trinidad e Tobago afirmaram que realizariam exercícios militares conjuntos com as forças americanas, e o sobrevoo de aviões bombardeiros perto da costa venezuelana chegou a ser reportado pela imprensa americana – mas, depois, negado pelo presidente americano.

Trump ainda disse na semana passada ter autorizado operações secretas da Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) na Venezuela. O Pentágono anunciou na sexta-feira (24) ter afundado a décima embarcação supostamente usada pelo narcotráfico. Para analistas, os ataques a barcos são ilegais.

Testes para forças armadas

Porta-aviões USS Gerald Ford, navio principal do grupo de ataque USS Gerald Ford da Marinha dos Estados Unidos. — Foto: Alyssa Joy/Marinha dos Estados Unidos

Porta-aviões USS Gerald Ford, navio principal do grupo de ataque USS Gerald Ford da Marinha dos Estados Unidos. — Foto: Alyssa Joy/Marinha dos Estados Unidos

À DW, uma especialista sob condição de anonimato chamou as ações militares dos EUA de “completamente desproporcionais” se o objetivo é atacar lanchas que transportam drogas na região. Funcionam, na verdade, como uma demonstração de força e um sinal de alerta.

Há cada vez mais sinais de um ataque iminente contra a Venezuela, ela argumenta, citando recentes incursões aéreas frente às águas venezuelanas que colocavam à prova a capacidade de resposta das Forças Armadas venezuelanas.

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O apoio das forças militares venezuelanas é parte central do aparato que permite a Maduro permanecer no poder. Uma operação terrestre ou o uso de bombardeiros B-1, entretanto, são descartados por especialistas, por causa do alto custo e desgaste que imporiam aos EUA.

“Eles começariam com algum ataque seletivo com um míssil de um navio ou do ar”, disse uma fonte militar espanhola. “A CIA busca inteligência, o que fazer e o que não fazer, para promover a rebelião interna [das forças militares], que é como essa agência funciona.”

O coronel aposentado do Exército dos EUA Manuel Supervielle, entretanto, ressalta que bombardeiros B-1 também podem ser usados de longas distâncias.

“A vantagem dos EUA em um confronto com a Venezuela é que eles têm tecnologia militar muito superior e podem atingir alvos fora do alcance venezuelano. O que o governo americano certamente não quer são baixas entre as tropas americanas”, diz.

Narcotráfico na mira

Membros do Night Stalkers fazem treinamento na Flórida em janeiro de 2024 — Foto: U.S. Air Force

Membros do Night Stalkers fazem treinamento na Flórida em janeiro de 2024 — Foto: U.S. Air Force

Para Sebastiana Barráez, jornalista venezuelana especializada no tema militar, o alvo de um hipotético ataque dos EUA poderiam ser “laboratórios” ou “acampamentos guerrilheiros” vinculados ao narcotráfico.

Uma ação deste tipo, segundo ela, seria mais fácil de justificar internacionalmente do que outro tipo de intervenção militar.

Ela enxerga ainda a possibilidade de uma operação de extração de autoridades venezuelanas de alto nível, incluindo Maduro, sob o argumento de que elas estão à frente do narcotráfico venezuelano.

Em julho, os EUA acusaram o presidente venezuelano de comandar o chamado Cartel de los Soles, então classificado por Trump como organização terrorista internacional. O governo americano já ofereceu recompensas financeiras por Maduro e outras autoridades.

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Por sua vez, Supervielle menciona a possibilidade de “eliminação seletiva” por meio de “ataques para assassinar determinadas pessoas e criar instabilidade na cúpula do regime que permita ou dê a oportunidade a outros grupos dentro das próprias Forças Armadas da Venezuela de tomar o poder e transferi-lo ao governo legítimo”.

Os EUA e o Parlamento Europeu reconhecem o líder da oposição venezuelana, Edmundo González Urrutia, como presidente legítimo e democraticamente eleito em 2024.

Opositores do chavismo afirmam que os resultados das eleições foram fraudados para privilegiar Maduro, acusado de usurpar o poder.

Xadrez geopolítico

María Corina Machado, líder da oposição na Venezuela, e presidente Nicolás Maduro. — Foto: Leonardo Fernandez Viloria/Reuters

María Corina Machado, líder da oposição na Venezuela, e presidente Nicolás Maduro. — Foto: Leonardo Fernandez Viloria/Reuters

Já a opositora María Corina Machado, reconhecida como líder das forças armadas da Venezuela e ganhadora do Nobel da Paz deste ano, disse nesta semana que “o regime está mais fraco do que nunca.”

Maduro, por sua vez, afirma que a Venezuela mantém “nervos de aço” diante da pressão americana.

“Somos ameaçados com palavras diariamente pelo império estadunidense, diariamente uma guerra psicológica”, disse num pronunciamento televisionado.

Segundo o presidente, a Venezuela conta com mais de cinco mil mísseis antiaéreos de fabricação russa. “Graças ao presidente [Vladimir] Putin, graças à Rússia, graças à China e graças a muitos amigos no mundo, a Venezuela tem um equipamento para garantir a paz”, afirmou.

Para os especialistas ouvidos pela DW, a crescente influência regional da China é outro fator-chave na equação das tensões entre EUA e Venezuela. O país asiático não se manifestou vocalmente nem a favor de Maduro nem contra Trump.

Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se encontrou com Trump durante cúpula na Malásia, se ofereceu como interlocutor entre Washington e Caracas.

“Nós queremos manter a América do Sul como zona de paz. Nós não queremos trazer os conflitos de outras regiões para o nosso continente”, sustentou.

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Lula e Trump se reúnem na Malásia e avançam em negociação sobre tarifas impostas a produtos brasileiros

Encontro abriu espaço para novas rodadas de negociação, que devem prosseguir ainda hoje. Presidente brasileiro considerou a reunião “franca e construtiva”

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Presidente Lula cumprimenta o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante encontro em Kuala Lumpur, na Malásia: conversa franca e construtiva - Foto: Ricardo Stuckert / PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu neste domingo, 26 de outubro, em Kuala Lumpur, na Malásia, com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para tratar das tarifas impostas às exportações brasileiras. Durante a conversa, descrita por Lula como “franca e construtiva”, os líderes discutiram caminhos para a suspensão das medidas e reforçaram o compromisso de aprofundar o diálogo econômico entre os dois países.

“Tive uma ótima reunião com o presidente Trump na tarde deste domingo, na Malásia. Discutimos de forma franca e construtiva a agenda comercial e econômica bilateral. Acertamos que nossas equipes vão se reunir imediatamente para avançar na busca de soluções para as tarifas e as sanções contra as autoridades brasileiras”, afirmou o presidente Lula nas redes sociais.
Segundo o governo brasileiro, a imposição das tarifas ao país carece de base técnica e desconsidera o fato de que os Estados Unidos mantêm superávit na balança comercial em relação ao Brasil. No encontro com Trump, Lula renovou o pedido brasileiro de suspensão das tarifas, propondo um período de negociação.
“O presidente Lula começou dizendo que não havia assunto proibido e renovou o pedido de suspensão das tarifas impostas à exportação brasileira durante um período de negociação, da mesma forma a aplicação da lei Magnitsky a algumas autoridades brasileiras, e disse que estava pronto a conversar”, relatou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.
“A conclusão final é de que a reunião foi muito positiva, e nós esperamos em pouco tempo agora, em algumas semanas, concluir uma negociação bilateral que trate de cada um dos setores da atual tributação americana ao Brasil”

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Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores
Segundo o ministro, os dois presidentes tiveram uma conversa “muito descontraída e muito alegre”, que foi aberta à imprensa por alguns minutos. O presidente Trump expressou “admiração pelo perfil da carreira política do presidente Lula, já tendo sido duas vezes presidente da República, perseguido no Brasil, provado sua inocência e vitoriosamente conquistado o terceiro mandato à frente da presidência da República”.
Durante o diálogo, Trump afirmou admirar o Brasil, e concordou com a necessidade de um processo de revisão tarifária. “A conclusão final é de que a reunião foi muito positiva, e nós esperamos em pouco tempo agora, em algumas semanas, concluir uma negociação bilateral que trate de cada um dos setores da atual tributação americana ao Brasil”, afirmou o chanceler.
NEGOCIAÇÕES — As negociações deverão prosseguir, ainda hoje, em Kuala Lumpur, entre ministros brasileiros e suas contrapartes dos Estados Unidos.
DIÁLOGO — O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Márcio Rosa, também destacou o caráter franco do diálogo. “O diálogo foi franco, o presidente Lula deixou claro que a motivação utilizada pelos Estados Unidos para impor a elevação de tarifas para o restante do mundo não se aplica ao Brasil por conta do superávit da balança comercial para os Estados Unidos”, afirmou.

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Rosa ressaltou ainda o papel estratégico do Brasil na região: “O Brasil tem um papel muito importante na América do Sul, por isso também nos colocamos à disposição para colaborar com os Estados Unidos nos outros temas que possam ser pertinentes.”
LEI MAGNITSKY — Durante o encontro, Lula também citou a Lei Magnitsky, utilizada pelos Estados Unidos para impor sanções a autoridades estrangeiras. Segundo o presidente, a aplicação da lei em relação a ministros do Supremo Tribunal Federal brasileiro é “injusta”, uma vez que “respeitou-se o devido processo legal e não houve nenhuma perseguição”.
A reunião contou também com a presença do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio; do secretário do Tesouro, Scott Bessent; e do representante comercial dos Estados Unidos, Jamieson Greer.

 

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