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Desmatamento recua em MT, mas estado segue entre os que mais perdem vegetação nativa

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Os biomas Amazônia, Cerrado e Pantanal registraram queda no desmatamento em 2024, segundo dados do MapBiomas divulgados nesta quinta-feira (15). A redução é um sinal de avanço ambiental importante, e Mato Grosso acompanha essa tendência, com recuo nas taxas. Ainda assim, o estado permanece entre os 10 mais desmatados do Brasil.

De acordo com o Relatório Anual de Desmatamento 2024 (RAD2024), Mato Grosso perdeu mais de 92,5 mil hectares de vegetação nativa no último ano. Os vetores de pressão que mais contribuíram para o cenário foram a agropecuária, garimpo, expansão urbana e construção de barragens. Apesar disso, o volume representa uma queda em relação aos anos anteriores, acompanhando a redução nacional de 32,4% no desmatamento.

Entre os biomas, o Pantanal apresentou o maior recuo (58,6%), seguido pelo Pampa (42,1%) e Cerrado (41,2%). Este último, entretanto, continua sendo o mais desmatado do país, com mais de 652 mil hectares perdidos em 2024. A agropecuária segue como principal causadora da devastação: responde por 97% da perda de vegetação nativa registrada no Brasil nos últimos seis anos.

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Em Mato Grosso, o município de Colniza continua entre os que mais desmatam. Entre 2023 e 2024, o índice na cidade cresceu 13,4%, totalizando 10,7 mil hectares. Por outro lado, o fato de o estado não estar entre os cinco mais críticos pode ser interpretado como uma resposta inicial aos esforços de monitoramento ambiental.

“Qualquer redução no índice de desmatamento deve ser celebrada pelos impactos socioambientais positivos que isto representa. Porém, não devemos esquecer que a situação de Mato Grosso está longe do ideal”, afirma o secretário executivo do Fórum Popular Socioambiental de Mato Grosso (Formad), Herman Oliveira. Para ele, ainda faltam políticas públicas eficazes de fiscalização, punição e proteção de territórios ameaçados por atividades econômicas exploratórias.

O relatório também chama atenção para o desmatamento em terras indígenas. No ranking das cinco TIs mais desmatadas do Brasil em 2024, duas estão em Mato Grosso: Sararé (Conquista D’Oeste), com 962 hectares devastados, e Wedezé (Cocalinho), com 402 hectares. No país, quase 16 mil hectares foram perdidos em áreas indígenas no último ano.

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Nas Unidades de Conservação, o MapBiomas identificou o desmate de 57,9 mil hectares, 43,9% deles na Amazônia Legal. A maior parte ocorreu em unidades estaduais de uso sustentável (quase 30 mil hectares), seguidas das federais (23,3 mil hectares).

A divulgação do RAD2024 reforçou o papel dos dados como ferramenta para construção de políticas públicas. No entanto, ambientalistas alertam para o cenário político desfavorável em Mato Grosso. “O que temos visto são políticas antiambientais por parte do Legislativo e Executivo, como a tentativa de reclassificar áreas da Amazônia como Cerrado e projetos que flexibilizam normas ambientais”, completa Herman.

O MapBiomas Alerta consolida informações de vários sistemas de monitoramento, como o Deter (Inpe), SAD (Imazon) e SOS Mata Atlântica, e fornece uma visão integrada sobre o avanço ou retração da degradação ambiental no Brasil.

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Valdir Barranco cobra explicações da Sema por anulação relâmpago de multa de R$ 1,5 milhão aplicada a PCH

Parlamentar quer detalhes sobre votação de apenas dois minutos que beneficiou usina ligada ao governador Mauro Mendes; caso se soma a outros perdões milionários dados pelo Consema-MT em 2025

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O deputado estadual Valdir Barranco (PT) protocolou, na última quarta-feira (30), na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), o Requerimento nº 229/2025, em que cobra explicações da secretária de Estado de Meio Ambiente (Sema) e presidente do Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema), Mauren Lazzaretti, sobre a anulação da multa de R$ 1,5 milhão aplicada à Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Inxu. A penalidade foi extinta em tempo recorde, durante votação que durou apenas dois minutos na sessão do Consema, realizada em 28 de fevereiro deste ano.

A usina, localizada entre os municípios de Campo Novo do Parecis e Nova Maringá, foi construída pela Mega Brasil Energia S/A – empresa ligada ao atual secretário da Casa Civil, Fábio Garcia – e pela Bimetal, que pertencia ao atual governador Mauro Mendes (União). Atualmente, os proprietários da PCH Inxu são Mariana Ribeiro Buffon, Angelo Bezerra Bonfin e Carolina Kusminsky Buffon.

Para o deputado, a rapidez da deliberação causa perplexidade e levanta sérios questionamentos.

“Como pode um colegiado extinguir uma multa dessa magnitude em apenas dois minutos, sem debate técnico e sem garantir transparência mínima aos cidadãos? Queremos saber quem ganhou com isso, quem perdeu, e por quê. A Assembleia não pode se omitir diante desse escândalo”, questiona Barranco.

A multa anulada diz respeito a um “evento desastroso” ocorrido em 2015, quando a estrutura da usina apresentou infiltrações, colapso do canal de carga e vazamento de materiais contaminantes, de acordo com relatórios técnicos do processo. O caso, segundo Barranco, exigia “análise cautelosa, detalhada e multissetorial”, mas foi encerrado sem debate, com base em suposta prescrição após cinco anos e seis meses da autuação.

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“A justificativa apresentada no Consema ignora que a legislação ambiental permite a interrupção do prazo prescricional em diversas hipóteses, além de prever dilação em função da complexidade do caso ou da pandemia”, criticou. O parlamentar quer acesso a todos os documentos que embasaram a decisão, incluindo atas, pareceres técnicos, votos, gravações da sessão e manifestações jurídicas da Procuradoria-Geral do Estado (PGE) ou da assessoria da Sema.

Barranco também questiona se houve mudança recente na composição da 3ª Junta de Julgamento, responsável pela decisão, e se outras multas ambientais foram anuladas com base no mesmo argumento. O parlamentar destaca que esta não é a primeira penalidade sofrida pela PCH Inxu: em 2016, a usina foi multada em R$ 90 mil com base em seu faturamento de R$ 22 milhões. Em 2019, nova infração – desta vez de R$ 523 mil – foi aplicada pela Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Estado de Mato Grosso (Ager) por falhas de manutenção que colocaram em risco a segurança da barragem.

“A reincidência revela um padrão de conduta que mereceria rigor maior dos órgãos de fiscalização, e não anistia sumária. Há um histórico de impunidade que precisa ser investigado com urgência”, apontou o deputado.

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Segundo dados divulgados pela imprensa local, a anulação da multa da PCH Inxu ocorreu no mesmo dia em que o Consema também revogou a penalidade de R$ 6 milhões imposta à empresa Mandassaia Agro Eireli, autuada por desmatamento em área de preservação permanente. Somente em 2025, pelo menos 14 multas ambientais acima de R$ 1 milhão foram anuladas sob o mesmo argumento de prescrição, totalizando mais de R$ 32 milhões perdoados.

“Estamos diante de um possível desmonte das políticas ambientais em Mato Grosso. É inaceitável que o Consema esteja se tornando um balcão de perdão para grandes empreendimentos com histórico de infrações ambientais”, denunciou Barranco.

O requerimento é fundamentado no dever constitucional da ALMT de fiscalizar o Poder Executivo, previsto no artigo 26 da Constituição Estadual. O parlamentar solicita ainda informações sobre eventuais procedimentos internos instaurados na Sema para apurar favorecimentos a empresas ligadas a agentes políticos e medidas para garantir mais transparência nos julgamentos ambientais.

“Não se trata apenas de números, mas da credibilidade das instituições e da defesa do patrimônio ambiental de todos os mato-grossenses. Se essa decisão for mantida sem apuração rigorosa, estará aberto o caminho para o desmonte total da fiscalização ambiental no estado”, concluiu o deputado.

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